Síndrome de Burnout

Muito se ouve nos dias de hoje sobre a Síndrome de Burnout, mas você sabe do que se trata? Saiba mais sobre, compreendendo o que é, onde ela se manifesta e como reconhecer os sintomas. Descubra estratégias para prevenção e abordagens eficazes de tratamento


Por Gabriela Nuernberg, PhD em Psiquiatria.
06/07/2019

O peso da exaustão: A sobrecarga de demandas no ambiente de trabalho pode levar ao esgotamento físico e emocional, característico da Síndrome de Burnout - Foto de Antoni Shkraba.

O que é a Síndrome de Burnout?

A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio que se caracteriza por um estado físico e mental de exaustão extrema que está intimamente ligado à vida profissional. A síndrome foi inicialmente descrita em 1974 pelo médico Herbert Freudenberger, que identificou em si mesmo a síndrome. Ela compreende três características principais, que são:

  1. Exaustão emocional, caracterizada pela falta de energia e sentimento de esgotamento de recursos mentais;
  2. Distanciamento afetivo, situação em que o profissional passa a tratar os clientes, os colegas e a organização como “objetos”, podendo chegar ao ponto de desenvolver sentimentos de indiferença (insensibilidade emocional) ou até mesmo descaso com as pessoas para quem o profissional presta serviço;
  3. Perda do sentido de realização pessoal no trabalho, definida como uma tendência repetida de auto-avaliações extremamente negativas.

A síndrome de Burnout pode ser encontrada em qualquer profissão, mas ocorre principalmente nos trabalhos em que há impacto direto na vida de outras pessoas, quando a profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm maior risco de desenvolver o transtorno.

A síndrome de Burnout pode acontecer em qualquer profissão, mas o risco é maior quando há envolvimento interpessoal direto.

Quais são os seus sintomas?

Entre os principais sintomas da síndrome de Burnout estão: nervosismo, cansaço físico e mental excessivos, desânimo, prostração, apatia, dor de cabeça frequente, dores musculares, problemas gastrointestinais, alterações nos batimentos cardíacos, pressão alta, alterações no apetite, alterações no humor (irritação, tristeza, explosões), insônia, dificuldade de concentração, sentimentos de fracasso, incompetência e insegurança, negatividade constante e isolamento das outras pessoas.

Exercícios físicos são importantes aliados na prevenção do Burnout.

Como as pessoas podem evitá-la?

Podemos adotar diversas estratégias, começando pela reflexão sobre nosso “estilo de vida no trabalho”. Definir pequenos objetivos dentro da nossa vida profissional e pessoal podem ser medidas simples e positivas. Também é importante conhecer nossos próprios limites e pedir ajuda ou até mesmo poder dizer não em algumas ocasiões. Conversar com pessoas de confiança sobre o que estamos sentindo pode ajudar. Além disso, é importante fazer algumas pausas para relaxamento, comer adequadamente (e de preferência com companhia), manter uma postura adequada e evitar levar trabalho para casa. A prática regular de exercícios físicos e de meditação podem ser medidas preventivas eficazes. Atividades que fujam da rotina do dia-a-dia e atividades de lazer com amigos e familiares também são muito importantes. Além disso, muitas vezes também são necessárias alterações na estrutura da instituição onde a pessoa trabalha para uma prevenção mais eficaz – algo mais difícil de se obter com uma iniciativa individual.

Uma vez que apresentamos um quadro de Burnout, como podemos tratar os sintomas?

Normalmente é necessário ter um acompanhamento profissional, até mesmo porque o diagnóstico não é tão fácil de se fazer. Existem quadros psiquiátricos e clínicos que apresentam sintomas semelhantes e que necessitam de abordagens e tratamentos bem diferentes.

Uma vez diagnosticado o problema, o tratamento pode envolver psicoterapia, aconselhamento, medicação e até mesmo pode ser necessário um afastamento temporário do trabalho (dependendo do caso). Casos mais graves geralmente necessitam de um acompanhamento mais intensivo.

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